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806 palavras 4 páginas
Em 13 de Janeiro de 1935, Fernando Pessoa escreveu uma longa carta ao escritor e crítico literário Adolfo Casais Monteiro, que lhe solicitara resposta a algumas questões, designadamente sobre a génese dos heterónimos4 . Em resposta, Pessoa fez uma «história directa» dos seus principais heterónimos, que considera serem Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. "Eu vejo diante de mim, no espaço incolor mas real do sonho, as caras, os gestos de Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Construi-lhes as idades e as vidas".
Cquote1.svg Criei, então, uma coterie inexistente. Fixei aquilo tudo em moldes de realidade. Graduei as influências, conheci as amizades, ouvi, dentro de mim, as discussões e as divergências de critérios, e em tudo isto me parece que fui eu, criador de tudo, o menos que ali houve. Parece que tudo se passou independentemente de mim. E parece que assim ainda se passa. Se algum dia eu puder publicar a discussão estética entre Ricardo Reis e Álvaro de Campos, verá como eles são diferentes, e como eu não sou nada na matéria. Cquote2.svg

Fernando Pessoa, Correspondência (1923-1935), edição: Manuela Parreira da Silva, Lisboa: Assírio & Alvim, 1999, pp. 343-344.
Quanto a Bernardo Soares, "ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa" e autor do Livro do Desassossego, uma das suas mais conhecidas personalidades literárias, Pessoa esclarece que ele não é um verdadeiro heterónimo: "O meu semi-heterónimo Bernardo Soares, que aliás em muitas coisas se parece com Álvaro de Campos, aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibição; aquela prosa é um constante devaneio. É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e a afectividade".
Álvaro de Campos por Fernando Pessoa[editar]

Na referida carta para Adolfo Casais Monteiro, Pessoa afirma que entrava na personalidade de

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