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3871 palavras 16 páginas
Precisamos falar (ainda mais) sobre o Kevin

Trechos de nosso livro sobre a obra de Shriver, maravilhosamente reatualizada pelo filme de Lynne Ramsey. Nosso Oscar vai, sem dúvida, para ele!
Quando escrevíamos nosso livro, procuravamos detectar histórias que sintetizassem fantasias em circulação, que fossem uma espécie de síntese de sonhos e pesadelos coletivos, mitos úteis a uma época. Quanto às obras antigas, é fácil reconhece-las, pois o tempo é o melhor avalista. Foi quando surgiu o livro de Lionel Shriver, “Precisamos falar sobre o Kevin”, cuja leitura nos arrebatou, de tal modo que todo o primeiro ensaio do livro se dirige a ele, como fecho de ouro do que queríamos dizer. Após a publicação, seguíamos nos perguntando se a aposta tinha sido certa, o livro era genial, mas duraria? Se ele caísse no esquecimento, se fosse apenas um livro de época, brilhante mas passageiro, nossa reflexão sobre ele permaneceria útil? Acabamos de assistir ao filme incrível da diretora Lynne Ramsey, uma obra prima feita sobre ele. Neste momento, achamos que valeu. Boa oportunidade para recolocar a discussão em jogo, reproduzindo os trechos do livro sobre o Kevin, do capítulo que se encontra disponível on line em nosso site (http://www.marioedianacorso.com/psicanalise-na-terra-do-nunca/capitulos-online)

Um monstro no ninho: trechos do livro “Psicanálise na Terra do Nunca: ensaios sobre a fantasia” , Ed. Artmed, 2010.

Crianças demoníacas e monstruosas?

Em meados do século XX um novo monstro ganha terreno: o filho. Não estávamos em falta de figuras para o horror, ao contrário, nossa fantasia demonstra extrema criatividade em fabricar monstros. Qualquer novidade se incorpora ao nosso vasto bestiário fantástico, tanto que temos monstros de todos os tipos, encarnando todas as formas do medo, do horror, do inimaginável. Mas colocar as crianças, e principalmente as próprias, como monstros é realmente uma novidade.

A primeira metade desse século, convulsionado pelos massacres de

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