Heroínas de Tejucupapo
Deus”.
No passado, os negros reconstruíam no quilombo um tipo de organização territorial de origem africana, e esse lugar funcionava como verdadeira válvula de escape para diluir a violência da escravidão, durante os quase quatro séculos em que se mantiveram as tensões e confrontos de classes no sistema escravista. 11 Os escravos fugidos buscavam, nesse lugar, proteção e segurança, bem como igualdade de condições e liberdade de acesso à terra. A organização territorial dos antigos quilombos recebia referências das comunidades existentes na África e influências marcantes dos povos indígenas. O conceito de comunidade quilombola, portanto, tem origem no campesinato negro, povos de matriz africana que conseguiram ocupar uma terra e obter autonomia política e econômica. Ao quilombo contemporâneo está associada uma interpretação mais ampla, mas que perpetua a ideia de resistência do território étnico capaz de se organizar e reproduzir no espaço geográfico de condições adversas, ao longo do tempo, sua forma particular de viver. (ANJOS, 2006: p. 53) Hoje, algumas comunidades constituem quilombos contemporâneos, que não representam mais um espaço de fuga, estrategicamente isolado. Esses territórios foram construídos em fazendas falidas ou abandonadas, terras compradas por escravos alforriados, obtidas por doações, terrenos religiosos, adquiridas por prestação de serviços em guerras oficiais entre outros. É necessário que nos libertemos da definição arqueológica, da definição histórica stricto sensu e das outras definições que estão frigorificadas e funcionam como uma camisa de força, ou seja, da definição jurídica dos períodos colonial e imperial e até daquela que a legislação republicana não produziu, por