hermano vianna

FICHAMENTO
Vianna, Hermano, “O samba da minha terra”, in O mistério do samba , Rio de Janeiro: Zahar, 1995, pp. 109-127.

O texto de Hermano Vianna trata do momento e do processo da reconfiguração da identidade nacional do qual participaram as diversas classes sociais e o qual pôs fim àquela ordem republicana excludente e baseada no cosmopolitismo. Neste contexto, o samba entra como elemento da construção da cultura nacional, ao mesmo tempo em que ele se desenvolve.
Antes do encontro entre Blaise Cendrars e os modernistas brasileiros – que é apontado por muitos, inclusive pelos modernistas, como o momento inicial de aceitação da cultura popular pelos intelectuais - Vianna aponta que já existia uma fermentação nativista por parte da população em geral. Enquanto em Paris, antes da vinda de Cendrars para o Brasil, já havia certa inserção da “cultura negra” no meio cultural parisiense. O que mostra que o interesse de Cendrars pelo “negro” havia possivelmente começado em Paris. Vianna também mostra evidências de que o meio cultural brasileiro já era permeado pelo “popular”.
A partir de 1924 os modernistas encontram-se empenhados na tarefa de elaboração de uma cultura nacional ao mesmo tempo em que é disseminado um sentimento de orgulho nacional. Em São Paulo, este grupo de Mário de Andrade, Tarsila do Amaral já se encontram contaminados por esta efervescência cultural, que começa a aparecer em suas obras. Através do texto vemos momentos pontuais de encontros entre personalidades populares e eruditas, como os encontros de Blaise Cendrars com o Donga, dos Oito Batutas, de Milhaud com Villa Lobos. Houve neste momento uma convergência entre intelectuais eruditos com músicos e artistas populares. Os registros apontam também uma relação horizontal entre o erudito e o popular, a cultura popular não era mais vista de cima para baixo, esta era agora respeitada. Quanto ao samba, ele foi surgindo nos clubes, em casas, na qual eram tocados todos os tipos de ritmos e