Heresia e verdades

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As proibições estão sempre ligadas ao desejo. No jogo de palavras da teologia há um movimento proibido. Este movimento é a pretensão do teólogo em dizer a verdade.
Muitas vezes o conhecimento do absoluto é traiçoeiro. Um grande exemplo é o mito da queda, em que, na sua sede de conhecer, conheceram a sua própria nudez.
Mas a fala é um jogo como os outros e se orienta por símbolos, por isso, quem fala é obrigado a obedecer a regras. Neste caso, os jogos que podemos fazer com as palavras são muitos e o jogo da verdade é apenas um entre tantos outros que são possíveis.
Mas em que consiste o jogo da verdade?
Verdade tem a ver com aquilo que afirmamos, pois somente as afirmações podem ser verdadeiras ou falsas. O filósofo judeu Isaac Israeli Séc. IX tem a seguinte definição: “verdade é a adequação das coisas ao intelecto”. Na mesma linha Bertrand Russell afirma: “a verdade consiste em alguma forma de correspondência entre a crença e o fato”. Dizer a verdade é dizer o que é; é enunciar aquilo que está presente, que é efetivamente dado à observação.
E no jogo da teologia? Existe nele, um grande desejo em dizer a verdade. Se tomarmos como pressuposto que a realidade está pronta, apenas esperando um olhar para deslumbra-la, neste sentido, o teólogo é aquele que elabora um discurso sobre as coisas que estão além do horizonte e seu discurso, deve adequar-se às coisas.
Acontece que para que a boca diga a verdade deve-se congelar o corpo, pois a verdade é objetiva e universal e para isso é necessário “silenciar o sujeito”.
Todavia, quando um teólogo ousa dizer a verdade, alegra-se a uns, desagrada-se a outros. É que neste jogo de palavras chamada teologia, muitas vezes as regras são diferentes para os indivíduos a quem se destinam os discursos. Se no jogo do conhecimento somente “o que é” pode ser verdadeiro, no jogo da teologia, o importante não é fazer a adequação das coisas ao intelecto, e sim promover a vida entre os indivíduos que choram e esperam a redenção e que

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