Hemofilia
E LEVI-STRAUSS
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RESUMO
Sempre que tentamos desvelar os nexos da formação societária do homem, e, por conseguinte tentamos compreendê-lo, faz-se necessário percebê- lo, enquanto ser social no contexto histórico-cultural, donde é possível também visualizar a construção do indivíduo e de sua identidade. Portanto, deve-se buscar uma análise que supere o mecanicismo, assim como também, uma visão estática que não dê conta de uma complexa articulação das dimensões singular
(indivíduo); particular (a dimensão das mediações) e a Universal (grandes leis tendências da sociedade).
Na articulação destas dimensões estão presentes as culturas, a fisiologia humana, a psique, articulando-se permanentemente entre si e expressando a totalidade de relações que envolvem o homem. Isto quer dizer que toda e qualquer análise das relações humanas deve obedecer à conjugação de uma complexidade de fatores, os quais, se esquecidos, prejudicam seriamente a análise, produzindo-se um enfoque restrito e parcial da realidade. Embora não seja possível abarcar todas essas dimensões que constituem o problema enfocado neste artigo, é possível partir desta perspectiva para adentrar-nos numa questão particular como a que nos propomos a estudar, que são as abordagens teóricas de Freud e Levi-Strauss sobre a proibição do incesto.
INTRODUÇÃO
Sabe-se a priori que ambos construíram suas análises a partir de referências teóricas distintas e que desenvolvem suas teses também de modo diferenciado, portanto, não cabe aqui tentar forçar uma comparação para conferir quem detém a verdade sobre o assunto. Contudo, é indispensável fundamentar novas análises sempre recorrendo a bases, cuja consistência e rigor científico nos são necessários.
Acredita-se que a proibição do incesto contém em si elementos essenciais para entendermos o desenvolvimento cultural do homem, inclusive fornece chaves para abrirmos algumas portas do significado
das