Hegel e Kojev

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A capacidade de se definir como “Eu”, princípio da consciência-de-si – logo, princípio também da humanização - é mediada pelo desejo na relação entre o Ser e a natureza. Tal mediação é revelada durante o processo de contemplação de um objeto natural dado – ao observá-lo, o homem se perde nele, e por fim realiza um movimento de retorno a si, pelo desejo, percebendo a ausência do objeto, levando-o a ação de trazê-lo para si, satisfazer-se.
A percepção da ausência, do vazio de algo, resultará na delimitação oral de um “Eu” desejoso do objeto – tem noção de sua existência, noção de si, é, pois, puro sentimento de si. Contudo, apesar de fundamental, o sentimento de si não basta para a formação do verdadeiro ser humano, da consciência-de-si plena. O Ser que deseja puramente o objeto é ainda “Eu animal”, “Eu” função natural – não suprassumido, sem consciência humana verdadeiramente manifesta.
A consciência-de-si, o verdadeiro “Eu humano” é aquele capaz de transcender a realidade imediata, de desejar algo que ultrapasse a natureza posta. Ora, desejar além da imediatez do objeto, é desejar o próprio desejo. Assim, na multiplicidade de desejos imediatos e subjetivos de um rebanho de homens, desejos puramente naturais, florescem esboços de humanidade, no momento em que alguns homens se esforçam pelo reconhecimento de seus desejos como legítimos, reais, verdadeiros – objetivação de desejos subjetivos, na e como construção de uma realidade. Os homens desejam o desejo dos outros homens. O desejo subjetivo de um homem por uma maçã, alegoricamente, não passa de um desejo imediato e natural; é na exteriorização – objetivação, transformação do querer subjetivo em necessidade real, materializada – do desejo, em imputar no outro um querer seu – pela maçã, no caso, o verdadeiro Para-si humano.
Contudo, a manifestação dos desejos pelos desejos outros não se expressa em um indivíduo, mas, de forma generalizante, em todos. Cada homem tentará impor seu desejo como verdade, como

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