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1831 palavras 8 páginas
Razões da Desordem, deWanderley Guilherme dos Santos.
Rio de Janeiro, Rocco, 1993. por Cláudio Gonçalves Couto
Investindo contra o brasilianismo convencional, que busca compreender idiossincraticamente as vicissitudes sociais, econômicas e políticas desta parte do mundo (como se fosse possível uma ciência social aplicável aos países subdesenvolvidos em face de outra, distinta, adequada aos países ricos), Wanderley Guilherme dos Santos postula, em contrapartida, a necessidade de considerar-se o estatuto teórico peculiar das ciências do homem para que se possa apreender mais claramente o que propicia a cada vez maior décalage entre pobres e ricos no mundo contemporâneo. A relação de causalidade nas coisas humanas não responde à mesma uniformidade verificada nas ciências naturais; naquelas a plausibilidade é mais efetiva que a certeza positivista. Daí, soluções aparentemente idênticas para problemas semelhantes não apresentam os mesmos resultados.
As razões da desordem podem ser identificadas no confronto entre as condições de formação das poliarquias européias (a Inglaterra sendo o caso típico) e suas congêneres latinoamericanas (o Brasil sendo o caso extremo estudado). Enquanto no caso inglês o desenvolvimento poliárquico se deu respeitando uma seqüência na qual a incorporação de novos atores ao jogo político (franchise) se fez preceder da institucionalização das regras de competição política, preparando então o terreno para a implementação de políticas de bem-estar social, as polis latino-americanas lançaram mão da política social como "instrumento de engenharia política auxiliar na solução do problema de conciliar participação ampliada e baixa institucionalização" (p. 30). Embora a princípio uma tal construção institucional não conduza necessariamente à instabilidade endêmica que se verifica nos países latino-americanos, ela projeta o conflito de classes para o interior do aparelho de Estado, propiciando o não-enraizamento dos segmentos sociais

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