Grandes esperanças: uma releitura do filme norte-americano que “ressignificou” a obra de charles dickens

6250 palavras 25 páginas
GRaNDES EsPERANÇAS (GReAT ExPECTATIONS): Uma releitura do filme norte-americano que “ressignificou” a obra de Charles Dickens

“As coisas são e não são... Às vezes a água é amarela, outras vezes, vermelha. Mas a cor que fica na memória, isso depende do dia. Não vou lhes contar a história do modo como aconteceu, vou contar do jeito que eu me lembro, de como me vem à memória” (Filme Grandes Esperanças - Great Expectations – EUA. 1998. Gênero Drama/Romance. Dirigido por Alfonso Cuarón e com roteiro baseado no romance homônimo de Charles Dickens). Acima, são descritos os primeiros apalavrares do filme, de uma forma que me vem na memória, o meu primeiro contato com essa produção artística cinematográfica, um entrelaçamento de calma, amortecimento e relaxamento; uma voz no fundo que tilintava os respingos dos dizeres acima, de forma cômoda e empática. De fato, a cor da memória depende do dia. Ela me transpira até os dias de hoje. No entanto, não poderia deixar de “esfregar” nesse suporte, o instante de “tensão”, de barulho, de quebra e “choque”. Os desenhos do pequeno menino que emergiam no momento pacato em seu barco, são amedrontados pelo o brotar das águas, um ser desconhecido. Este grita: “baixo, baixo, baixo, baixo...”. Apalpando a boca da criança vigorosamente. Esse cenário que mistura pacatez e catarse com barulho e choque (não apenas por conta dos meios técnicos sonoros, mas, sobretudo, pelo espírito forte com que a cena paralisa o espectador), me vem à memória. Como a cicatriz que Ulisses a trouxe consigo da sua Odisseia, que na primeira apalpada de dona Euricleia, ocorre o grito de susto e alegria da mulher; o reconhecimento da “cicatriz”, o rememorar daquele “rastro” de infância. Ah... Como me lembro, dessa cena, daquele dia que a senti. Desse filme que me traz “expectativas”, me traz “esperanças” para com as agruras da vida. Portanto, vou desmiuçar, narrar e problematizar, da forma que me vem à memória. Mas não só como me vem, como também

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