Governo e Estado

“No Brasil, como em outros países subdesenvolvidos, a inflação tem constituído um meio de alargar a margem de investimentos. Em verdade, diante da insuficiência da Receita Pública, o governo realiza grandes obras, mediante emissões. No que se refere ao setor privado, o processo consiste em conceder amplos créditos a setores essenciais, com o consequente aumento da moeda escritural. Tanto uma medida quanto a outra desencadeiam uma elevação de preços, determinando abaixa remuneração real das classes de rendimento fixo (principalmente assalariados). Essa baixa dá lugar ao que os economistas chamam de ‘poupança forçada monetária’ que, adicionada à poupança voluntaria, eleva a poupança global disponível, permitindo desse modo o alargamento da margem de investimentos.”
Graças à insuficiente ou inadequada politização das classes assalariadas (rendimentos fixos), as técnicas de poupança postas em prática pelo poder público ou a burguesia industrial alcançam grande parte dos seus objetivos.
Os próprios líderes, burgueses e governamentais, da industrialização acelerada reconhecem e afirmam a necessidade de criar-se uma aspiração nacional nova, em que o sacrifício seja encarado cm redenção. Sob certo aspecto de restauração do ascetismo que produz a poupança, a acumulação capitalista.
“Industrializar é uma condição de vida, é uma absoluta e imperiosa necessidade, é mesmo um dever de que já não está ao nosso alcance declinar (...) Industrializar um país não é uma obra mágica que possa ser feita sem preparo, ao simples sopro de uma aspiração. É necessário que exista uma mentalidade industrial, um estado de espírito propício ao desenvolvimento, é necessário que existam gerações preparadas para a ação.”
Nessa etapa da história, todos são “soldados do desenvolvimento”, que obterão no futuro, em seus descendentes, os frutos do trabalho presente. É preciso que a geração envolvida na batalha pelo desenvolvimento industrial saiba abdicar dos frutos do próprio trabalho, com