Governo Dilma

Texto de André César*

* A divulgação do relatório trimestral de inflação reforçou a aposta do governo Dilma em uma convergência de médio prazo dos índices de preços com a meta de inflação por meio de uma combinação de política monetária e medidas macro-prudenciais. Como os mercados desconfiam da eficácia dessa combinação, o sucesso do governo Dilma no controle dessa variável política fundamental será considerado sob risco ainda por vários meses;
* Os primeiros resultados fiscais de 2011 não foram negativos, mas também não produziram uma confiança cabal no cumprimento das metas fiscais. A ambigüidade, em boa medida, é mantida pelo próprio governo, que promete manter os investimentos mesmo diante das evidências de que cortes nessa área também serão necessários. Mais uma vez, os níveis de confiança no sucesso do governo são menores que o ideal;
* A gestão política do governo ainda não completou a nomeação de todas as indicações políticas, mas já se vê às voltas com assuntos igualmente delicados, como a suspensão das emendas empenhadas em 2010. Na prática, isso significa que problemas estão sendo acumulados;
* A popularidade presidencial, tal como registrada em uma pesquisa Datafolha, segue elevada na comparação com fases de normalidade de outros mandatos presidenciais, mas revelou uma evidente desinflação dos valores pré-eleitorais alcançados pelo presidente Lula. O eleitor deixou de lado o clima de entusiasmo para avaliar o governo Dilma em seus próprios termos;
* O período de cem dias aproxima-se do final sem que o governo Dilma tenha sido envolvido em uma polêmica sequer. Nem mesmo sobre financiamento de campanha. O caso Erenice Guerra teve algum desdobramento desde o início do ano, mas sem produzir qualquer efeito colateral sobre o governo;
* A primeira fase de construção da imagem presidencial foi concluída com razoável sucesso. A presidente Dilma reduziu sua exposição nas primeiras semanas de mandato, para marcar um contraste com o ambiente de campanha