Gota d'água - roteiro

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PEÇA GOTA D’ÁGUA
O palco está dividido em quatro cenários: botequim (no qual ficam os homens e Egeu trabalha), a casa de Creonte, a casa de Joana e o local onde ficam as vizinhas. O palco começa escuro e vazio. Entra Egeu com o rádio e liga. O locutor anuncia o samba de Jasão de Oliveira: ―A Gota D‘água‖. A música começa a tocar. As vizinhas e os homens entram do fundo do teatro cantando, batucando, sambando, ―fazendo a festa‖. Aos poucos, vão subindo ao palco e se colocando nos lugares.
Já lhe dei meu corpo Minha alegria Já estanquei meu sangue Quando fervia Olha a voz que me resta Olha a veia que salta Olha a gota que falta Pro desfecho da festa Por favor... Deixe em paz meu coração Que ele é um pote até aqui de mágoa E qualquer desatenção, faça não Pode ser a gota d'água (2x) Já lhe dei meu corpo Minha alegria Já estanquei meu sangue Quando fervia Olha a voz que me resta Olha a veia que salta Olha a gota que falta Pro desfecho da festa Por favor... Deixe em paz meu coração Que ele é um pote até aqui de mágoa E qualquer desatenção, faça não Pode ser a gota d'água (3x) 2ª CENA 1ª CENA

As três mulheres trabalham (uma estende roupa no varal, outra cozinha, outra costura), em silêncio, pensativas. Corina entra falando sozinha, apressada, nem nota a presença das mulheres que, automaticamente, olham pra ela, ansiosas. Corina (falando sozinha) – Não é certo...
Nenê – O que não é certo, cumadi Corina? Corina (notando a presença das vizinhas) – Ah, cumadi‘s ocês tão ai, né... É que é de cortar o coração... Cumadi Joana já saiu ilesa de muito inferno, de muita tempestade, ocês sabem... Mas, desta vez... Acho que não agüenta não, viu? A não dorme, não come, olhe que nem fala certo... Estela – A culpa é daquele miserável, vagabundo, muquirana do Jasão Zaíra – Ocês sabem, né? Que, em homem, eu nunca confiei... Nenê – Eu nunca fui de me meter não, ocês sabem. (olha para as vizinhas, que retribuem com olhar de deboche) Mas, pra que Joana foi se casar com um homem