Goiânia, Cidade (ou Ilha) das Flores?

Thais Valle
Cidade (ou Ilha) das Flores?
Mais uma vez Goiânia tem destaque na mídia nacional, ora é a violência gratuita, desmedida e desnecessária, ora é a novela que retrata a cidade de maneira preconceituosa e irreal. Se não bastasse, agora o lixo é manchete nacional: descaso da administração para com a cidade e os moradores. Goiânia têm almejado transformações urbanas de cunho sustentável, especialmente por integrar a Plataforma Cidades
Emergentes e Sustentáveis. A Plataforma CES objetiva a inclusão do conceito em todos os âmbitos da gestão municipal, visando políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável. E onde está essa tal sustentabilidade quando se trata do nosso lixo? Ou o conceito não se aplica a ele?
Num tempo não muito distante, Goiânia foi considerada a Cidade das Flores, atualmente lembra muito mais a Ilha das Flores. O intrigante curta-metragem de Jorge
Furtado é uma crítica clara e legitimista à sociedade e às relações capitalistas. Em nossa cidade, toneladas de lixo, hospitalar inclusive, largadas a esmo, à espera da regularização dos serviços de coleta que deveria acontecer até o mês de junho
(pasmem!). Parafraseando Furtado, estaríamos nós, seres humanos, colocados depois dos porcos na prioridade da escolha dos alimentos? No nosso caso, estamos nós colocados depois do jogo político no direito à cidadania?
Independente do que vem ou não vem sendo realizado, esse problema vivenciado pela nossa cidade nos alerta e obriga a repensar sobre nosso descarte de resíduos. O que fazer com aquilo que não nos serve mais? Como lidar com as grandes quantidades de lixo que geramos? Em grande parte das cidades, essa questão ainda é tratada de modo imprudente e não prioritário. Devemos discutir, em caráter de urgência, como a administração oferece esses serviços e como nós, cidadãos, lidamos com ele. Já existe uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), mas e a aplicabilidade na prática? A