Globalização e trabalho na sociedade de risco
Ginez Leopoldo Rodrigues de Campo*
RESUMO
Pretendemos, neste artigo, analisar os desafios impostos para a classe trabalhadora na chamada “sociedade global de risco”, principalmente porque é preciso considerar o desemprego estrutural em escala mundial como sendo um dos grandes riscos sociais da atual globalização contemporânea. Tomando como referência o conceito de sociedade de risco, desenvolvido a partir das contribuições teóricas de Anthony Giddens e Ulrich Beck, procura-se descrever uma nova abordagem analítica proposta pelos autores, no qual o trabalho (conceito central na chamada sociedade de classes) perde sua centralidade ao ser substituído pela temática ambiental, cuja centralidade está agora fundamentada na questão ecológica. Ao mesmo tempo, a partir das abordagens teóricas de Boaventura de Souza Santos e de Ulrich Beck, analisa-se o fenômeno da globalização procurando destacar as conseqüências humanas desse processo, bem como as novas formas sociais de resistência e de ação política que se configuram frente os riscos do desemprego em escala global. Palavras-chave: globalização, trabalho, desemprego, reestruturação produtiva, sociedade de risco.
1 INTRODUÇÃO
O atual processo de globalização da economia mundial1 tem causado profundas transformações na organização da produção, na gestão das empresas e na organização do trabalho. A introdução de novas formas de organização industrial e a alteração do
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Professor e pesquisador da Universidade de Passo Fundo (UPF-RS). Economista (UFAL), mestre em Sociologia (UFRGS) e doutorando em Sociologia Política (UFSC). E-mail: ginez@terra.com.br. O termo”globalização da economia mundial” tem sido utilizado para contextualizar uma multiplicidade de fenômenos que, sobretudo a partir da década de 1970, estariam configurando uma redefinição nas relações internacionais em