Ghas

The Disease Heart of Africa
Jean Comaroff

Nos inícios do século XIX, durante o processo de colonização do continente Africano, emergiu uma fulcral importância da medicina como agente de propagação do Imperialismo Europeu sobre este continente. Agora, cabia à medicina, através dos evangelistas, alimentar o processo de colonização através do estudo da “matéria-prima” africana, sendo que era através desta ciência que o Imperialismo Europeu conseguiria curar e salvar os Africanos, Africanos estes que eram vulgarmente personificados pelo sofrimento, pela doença, pela degradação, pelo contágio e pela degeneração, presos num continente característico pela aflição.
Deste modo, a relação entre a medicina e o processo de colonização na África do Sul, ficou marcado por três momentos distintos: o primeiro, a formação de visão imperialista no continente dos “aflitos”, nos finais do século XVIII; o segundo, a organização de missões de cura, em meados do século XIX; e por fim, a fundação do estado colonial, nos inícios do século XX.
Ao longo deste processo, foi surgindo um sentindo europeu de saúde, pelo que cabia aos europeus propagar este novo sentindo no “coração doente africano”, desta forma, na virada do século a civilização africana ganhara novos contornos, preocupando-se agora com a prática da higiene das populações negras, nomeadamente com vista a tornar estas populações disciplinadas e organizá-las em comunidades redistribuídas em nome do saneamento e controle da doença.
Contudo, a medicina viera trazer novas implicações ao mundo colonial, tornando-o cada vez mais forte e rígido. Pois, a medicina baseada em imagens sociais reflectidas em realidades físicas, estabelecera uma relação racial com a origem das doenças, fornecendo assim ao mundo colonial um álibi num copo humano doente, isto é, cabia ao mundo colonial salvar através do seu domínio os africanos, raça esta causadora de tantas doenças; pelo que, os regimes coloniais vendo as vantagens da medicina, usaram-na