Gestão do tempo
A R T I G O
TEMPO E TRABALHO INTELECTUAL*
José Carlos Bruni** RESUMO: Por que a sensação generalizada de falta de tempo’? Tomalldo-se esta questão como ponto de partida , trata-se de explorar algtms tipos de temporal idade da soci edade modema para , em segui da , en fo(;ar diretamente o tempo próprio da atividade intelectual - a temporalidade do saber -, por hipótese inredutívei à racionalidade dos ritmos da produtividade a todo custo Discute-se iniciallllellte a temporalidade fundalllelltal da sociedade capitalista, COIII Sell telllpO lillear, hOlllOgêlleO, illfillitallldllte deCOlllpOlliVel, IllaTCadO pelo imperativo da protividade. Menciona-se a importancia do tempo ciclico, que o capitalismo não chega a abolir, para se colocar a especificidade do tempo do trabalho intelechlal, marcado pela criação e pelo acaso A pesquisa pretende detectar como, no trahalho dos docentes da Universidade de São Paulo, coloca-se a questão da temporalidade do saber, face ao processo de modemização da universidade, que pretende instituir, de fomla sólida, a temporalidade da produtividade. IJNITERMOS: tempo, tempo Ihlear, tempo cíclico, temporalidade da produtividade, temporalidade do saber, modennização, Universidade de São Paulo. * Projeto apresentado ao CNPq no 2~ semestre de 1990, tendo obtido aprovação. t* Professor do Departamento de Sociologia da FFLCH-USP. Introdução A idéia deste projeto de pesquisa começou a se formar a partir do momento em que, em outubro de 1989, fui procurado pela jornalista Maria Amalia Bernardi, da revista Veja, que me solicitou uma entrevista sobre a questão da falta de tempo dos paulistanos. Meu nome Ihe havia sido indicado por colegas do ‘ Grupo de Estudos sobre o Tempo’’, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, grupo multidisciplinar do qual faço parte desde 1988. Além daquela primeira conversa, a jornalista voltou a procurar-me em abril de 1990 para uma segunda