Geopolítica

EUA e Irã: um acordo histórico
Nesse fim de semana, o mundo assistiu a um acordo que, até há poucos dias, era considerado utópico: representantes dos Estados Unidos e do Irã reuniram-se em Londres e estabeleceram um acordo provisório sobre as atividades nucleares do país asiático, que há muito incomodam os EUA e, por consequência, todo o Ocidente.

Trata-se, como o próprio documento sugere, de uma situação transitória, chamada de “interina”. O Irã concordou em paralisar, momentaneamente, algumas partes de seu programa nuclear (como a instalação de componentes em reatores em construção) e diluir a níveis seguros o urânio já enriquecido em troca de um alívio nas sanções financeiras e econômicas impostas pelos norte-americanos. O texto da avença estabelece que as duas nações prosseguirão nas negociações em busca de um tratado final amplo, que coadune os interesses econômicos iranianos com o padrão mínimo de segurança buscado pelos EUA.

É um avanço e tanto entre dois inimigos históricos. O simples fato de terem conseguido chegar à mesa de negociações e dela extrair um resultado concreto demonstra que, de um lado, os EUA reconhecem que outros países ainda detêm uma certa dose de soberania (fato que eles insistem em questionar) e, de outro, que o Irã percebeu que é muito complicado lutar contra uma superpotência econômica, ainda que seja com o objetivo de construir armas nucleares.

Ainda assim, a medida foi recebida com maus olhos por aliados dos EUA no Oriente Médio, principalmente Israel. Segundo o premiê Benjamin Netanyahu, o acordo é um “erro histórico”. Os israelenses, bem como outros vizinhos, temem que o Irã aumente sua influência na região a partir do arrefecimento das sanções americanas. Alguns analistas apontam, inclusive, que o descontentamento de Israel pode atrapalhar diretamente as negociações de paz com os palestinos, outro ponto basilar na política externa de Barack Obama. Inglaterra e França, por sua vez, também podem se sentir ignoradas por