física

APRESENTAÇÃO
PALHAÇO(A): ?
PALHAÇA(O): Auto da Compadecida! O julgamento de um canalha! Ao escrever esta peça, onde conbate o mundanismo, praga de sua igreja, Ariano Suassuna, o autor, quis ser representado por um palhaço, para indicar que sabe que sua alma é um velho catre, cheio de insensatez e de solércia. Talvez vocês sentiram minha falta em antigos filmes ou representações por aí que se dizem competentes... Mas aqui estou. E lhes digo que o autor não tinha direito de tocar em tal tema, mas ousou fazê-lo, baseado no espírito popular de sua gente, porque acredita que esse povo sofre, é um povo salvo e tem direito a certas intimidades.
ATO I – O TESTAMENTO DA CACHORRA
ELENCO: DORA: Vanessa. EURICO: Kairo. JOÃO GRILO: Montiel. CHICÓ: Rayson.
PADRE: ?
*dora bate palmas*
DORA: abre essa porta Eurico.
EURICO: (gritando) isso é hora de chegar numa casa de respeito? Aqui você não entra nem com a mulesta do cachorro doido. Vai dormir é na rua, pra todo mundo conhecer a qualidade de mulher traidora que você é.
DORA: ooxeee, eu só fui dar uma voltinha pra refrescar.
EURICO: pra refrescar esse fogo que cê tem aí dentro. (virando-se) João Grilo! Chicó!
JOÃO GRILO E CHICÓ (levantando de uma vez): sinhó!
EURICO: vá chamar padre João! Eu quero que ele testemunhe essa safadeza e condene essa adúltera ao quinto dos infernos!
J. GRILO (rindo): eu conheço padre pra tudo neste mundo, menos pra passar atestado de corno...
EURICO: o que foi que tu disse?!
CHICÓ: (com medo, interpondo-se entre J.G. e Eurico) e-e-e-ele num disse nada não sinhô...
EURICO: e esse tremelique todo porquê? Tu num é hómi não?
CHICÓ: sô hómi, só sô frouxo.
EURICO: pois vão, vão! *sai J.G e C.*
DORA: (dengosa, toda se requebrando) oh meu amorzinho, vâmo resolver esse assunto entre nóis. Me deixe entrar, por favor.
EURICO: só se for pra te matar, infiliz! *joga objeto* Eu fui muito besta de casar com você, viu? (muda tom de voz) Mulher bonita só serve pra botar chifre...
DORA: