Fundamentos de economia

5266 palavras 22 páginas
O vazio da retórica
Com o passar dos séculos, a retórica foi tendo alteradas as suas funções. Daquela preocupação com as técnicas organizacionais do discurso e com a persuasão, o que se irá assistir, particularmente no final do século XIX, é a uma vinculação da retórica com a idéia de embelezamento do texto.
À retórica caberia fornecer recursos visando a produzir mecanismos de expressão que tornassem o texto mais bonito. As figuras de linguagem e os torneios de estilo ganharam faixa própria, encobrindo, muitas vezes, as insuficiências das idéias. Por isso, ainda hoje, persiste um pouco a visão negativa da retórica como sinônimo de enfeite do estilo c vazio das idéias, É verdade que muitas organizações discursivas confirmam tal visão. Note-se, por exemplo, certas petições de advogados, ou ainda, aqueles célebres discursos de formatura, com os seus eternos "jovens de hoje que irão construir o país de amanhã”, "o sofrimento dos pais para ver o triunfo dos filhos". As cerimônias de abertura dos bailes das debutantes não ficam muito atrás no desfile de clichês: "a beleza feito menina", "a formosura que ofusca as luzes do salão", "a rosa que desabrocha" etc.
No Brasil, essa concepção "enfeitista" do discurso, na sua romaria de lugares comuns, estereótipos, figuras de gosto duvidoso, verdadeiro templo do Kitsch, difundiu-se com uma força capaz de produzir lágrimas nas pasmas platéias.
Ao final do século XIX, a visão da retórica como verniz do estilo encontrou terreno fértil entre os parnasianos. Veja um exemplo:
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Imito o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
Por isso corre por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel. Corre; desenha, enfeita a imagem,
A idéia veste
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase, e, enfim,
No

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