FUNDAMENTOS DA REALIDADE BRASILEIRA E CIDADANIA

UNIVERSIDADE FEEVALE
FUNDAMENTOS DA REALIDADE BRASILEIRA E CIDADANIA
Profa.: Valéria Di Blasi

Crescimento econômico e exclusão social
Gerardo Clesio Maia Arruda1

Apoiado em relatório produzido pela CIA, a Revista Carta Capital divulgou, no artigo Agenda cheia até 2020, publicado em 26/01/2005, a informação de que o Brasil será uma grande potência econômica mundial nos próximos 15 anos; porém, chama a atenção na mesma matéria para o estudo Atlas de exclusão social, coordenado pelo economista Marcio Pochmann, que aponta a dívida social como um estrangulamento que compromete a possibilidade do Brasil assistir a concretização do prognóstico da CIA. Ao se colocar numa mesma análise esses dois estudos, chega-se ao dilema brasileiro fundamental: a situação de pobreza extrema vivida por um terço de sua população impede a efetivação do seu potencial de crescimento.
As estatísticas que quantificam os indivíduos que sobrevivem, no Brasil, abaixo da linha de pobreza impressionam. Tomando como exemplo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao Estado do Ceará, registra-se a existência de um contingente de 4,1 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza; deste total, identifica-se que 2,2 milhões vivem na indigência. Estes dados apontam que, como nas demais formações sociais do Brasil, encontra-se, no Ceará, um exército de excluídos que demanda a atenção e atuação do poder público para dotá-los de um mecanismo que viabilize o acesso a recursos e benefícios sociais.
A pobreza, no Brasil, não é um fato novo. A constituição deste segmento populacional remonta ao período colonial, quando se inaugura o modelo econômico assentado na exploração da mão-de-obra barata e na privatização do Estado, efetuada pelos grupos sociais que historicamente se colocaram como os detentores do poder econômico e político. É na apropriação do público pelo privado, mecanismo que permite a transferência da riqueza construída pela população