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704 palavras 3 páginas
Etnografia de Rua: Estudo de Antropologia Urbana
Cornelia Eckert, Ana Luiza Carvalho da Rocha

Resumo

Walter Benjamin (1892-1940) inspirou-se na obra de Charles Baudelaire (1821-1867), e de Marcel Proust (1871-1922) para falar de um estado de ser e estar no mundo ao refletir sobre seus deslocamentos nas cidades de Berlim ou Paris, a partir de um "trabalho" da memória afetiva e do pensar a «si-mesmo» na paisagem urbana.

O personagem baudelairiano, o flâneur, caminha na cidade: um percurso sem compromissos, sem destino fixo. O estado de alma deste personagem-tipo é de indiferença, mas seus passos traçam uma trajetória, um itinerário que concebe a cidade, o movimento urbano, a massa efêmera, o processo de civilização. Logo, esta não é uma caminhada inocente. A cidade é estrutura e relações sociais, economia e mercado; é política, estética e poesia. A cidade é igualmente tensão, anonimato, indiferença, desprezo, agonia, crise e violência.

Assim, a cidade do andarilho tem uma história, nem a melhor nem a pior do mundo, simplesmente histórias que configuram referências práticas e simbólicas em que se reconhece ou se constrange nas ruas que perambula, lugares que conhece ou desconhece, espaços que gosta ou desgosta, contextos que lhe atraem ou passam desapercebidos. Objetos, eventos não verbais ou verbais, ruídos ou matérias atiram-lhe a atenção sensorial que delineia seu trajeto, seus atos. A cidade acolhe seus passos, e ela passa a existir na existência deste que vive, na instância de seu itinerário, um traçado que encobre um sentido, algo que será desvendado ao seu final. Espaços, cheiros, barulhos, pessoas, objetos e naturezas que o caminhante experiência em sua itinerância, não sem figuras pré-concebidas. Sua caminhada é de natureza egocêntrica, funcional, mas também poética, fabulatória e afetiva, e por que não dizer, uma caminhada cosmológica como os jogos de memória que os tempos reencontrados proustinianos encenam.

Walter Benjamin, em seu texto Sur

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