Franklin e existencialismo

6319 palavras 26 páginas
FRANKLIN LEOPOLDO E SILVA

Tempo: experiência e pensamento FRANKLIN
LEOPOLDO E SILVA é professor do Departamento de Filosofia da
FFLCH-USP.

esde as origens do pensamento filosófico, as questões do tempo, do movimento e da mudança estiveram estreitamente associadas. E o motivo é muito compreensível: no momento em que se define o ser como plena estabilidade (ser equivale a sempre igual a si mesmo) qualquer variação nessa identidade absoluta aparece como fator de perturbação na coerência lógica que deveria governar fundamentalmente a realidade e o nosso modo de pensá-la. Por isso é que esse problema aparece emblematicamente, logo no alvorecer da filosofia na Grécia, em dois pensadores do período que chamamos pré-socrático, e que vai mais ou menos do século VII ao século V a.
C. Parmênides coloca a exigência de absoluta identidade na célebre sentença “o ser é, o não ser não é”, indicando assim que qualquer predicação que venhamos a acrescentar ao ser e que nos faria pensá-lo como algo mais do que idêntico a si mesmo seria erro e contradição, pois violaria a imobilidade e a invariabilidade próprias da plenitude lógica e real. Já Heráclito considerava, pelo que se pode inferir dos fragmentos que restaram de seu poema cosmogônico, que tudo é movimento e que nada pode ser idêntico a si, já que tudo flui num ritmo incompatível com qualquer grau de permanência. É bem conhecida a sua

frase “Ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio”, pela qual se refere ao fluxo contínuo do que chamamos realidade.
Quando analisamos essas duas concepções, experimentamos uma grande dificuldade para optar exclusivamente por uma delas. Por um lado, é certo que todo predicado adicionado ao ser afeta sua identidade, na medida em que nos obriga a considerar simultaneamente o que é e o que não é. Se algo é pequeno, não é grande; se está em movimento, não está parado; se está em um lugar, não está em outro; se é quadrado, não é redondo, etc. Mais

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