Florberla Espanca

740 palavras 3 páginas
Mulher, jovem, Portugal no início do século XIX. Talvez essas informações sejam suficientes para descrever a grande poetisa que, tão cedo, aos 36 anos de idade, abandonou a vida. Recorrentemente encontramos na poesia de Florbela temas de sofrimento, angústia, solidão, desencanto, alicerçado num intenso desejo de alcançar a felicidade. A linguagem de seus poemas está centrada no seu pessoal, nas suas próprias frustrações e anseios, sucessivamente manifestados. A poesia de Florbela é coberta por um certo erotismo,

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão de Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo me ver,
E que nunca na vida se encontrou!

Somado a mais trinta e um poemas, “Eu” é o terceiro soneto presente no Livro de Mágoas, primeira obra poética de Florbela, editado em 1919 por Raul Proença – intelectual e crítico literário conceituado e influente, que reconheceu a grandiosidade de Florbela Espanca por meio de um caderno com onze poesias, enviado pela própria. A autora corrigiu os poemas conforme as sugestões do crítico e escreveu mais alguns para completar a sua primeira antologia. Este livro é dedicado ao pai e ao irmão da poetisa, que haviam sido mortos, daí a razão pelo livro ter recebido este nome, pois apresentava em seu conteúdo toda sua mágoa, angústia, dor e saudade. Aprofundando um pouco das particularidades da vida de Florbela, percebemos que o soneto “Eu” trata-se de um soneto autobiográfico. Imediatamente nos deparamos com toda a dor e busca de compreensão que Florbela tanto sentia. Já no primeiro quarteto, encontramos uma mulher perdida, desnorteada,

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