FISIOLOGIA E METABOLISMO CEREBRAL
INTRODUÇÃO
Muitos pacientes criticamente doentes se apresentam com doenças neurológicas graves ou desenvolvem complicações neurológicas. Uma grande parte destas complicações resulta de hipoperfusão cerebral. Por isso, o conhecimento da fisiologia do fluxo sanguíneo e do consumo de oxigênio cerebral é importante para aqueles que trabalham em unidades de terapia intensiva.
Qualquer lesão neurológica pode ter conseqüências devastadoras. Lesão neurológica definitiva do tecido cerebral com seqüela permanente pode ocorrer no momento da injúria primária. Mas o risco de injúria neurológica adicional por alterações da dinâmica intracraniana também é alto e dependente de hipertensão intracraniana e de vários outros fatores potencialmente deletérios. Um grande número de alterações clínicas pode afetar a dinâmica cerebral e o cérebro secundariamente, ampliando a lesão primária. Muitas dessas alterações podem ser prevenidas ou tratadas precocemente, aumentando a chance de recuperação neurológica desses pacientes. Nisso reside a importância do conhecimento da fisiologia e da monitoração neurológica e as suas conseqüentes intervenções efetivas.
Alguns dos fatores envolvidos na lesão neurológica relacionada às alterações da dinâmica cerebral incluem hipertensão intracraniana, regulação do fluxo sanguíneo cerebral, formação de edema cerebral e alterações no líquor. Uma compreensão fisiopatológica plena dos princípios subjacentes à dinâmica cerebral é essencial para o manejo adequado dos pacientes neurológicos graves.
As alterações fisiológicas que mantêm o fluxo sanguíneo cerebral (FSC) e acomodam as alterações no volume cerebral são relativamente complexas, mas fáceis de se entender. Grandes avanços no atendimento dos pacientes com graves doenças cerebrais têm se desenvolvido nos últimos dez a quinze anos e baseiam-se fundamentalmente na compreensão das regras fisiológicas básicas e do processo fisiopatológico