Filus fuil

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O conceito de Filosofia Cristã

Autor: Sávio Laet de Barros Campos. Bacharel-Licenciado em Filosofia Universidade Federal de Mato Grosso.

Pela

Teria a Idade Média, além da arte, da poesia e da literatura que lhe são próprias, tido também uma filosofia que lhe fosse peculiar? Para responder a esta pergunta, nasceu o mais importante estudo do século XX sobre a história do pensamento medieval: L’ Esprit de la Philosophie Médiévale, de Étienne Gilson. seu autor: No prefácio da supracitada obra, explica-nos o

Convidado para a difícil tarefa de definir o espírito da filosofia medieval, aceitei-a, por causa da opinião bastante difundida de que, embora a Idade Média tenha uma literatura e uma arte, não tem uma filosofia que lhe seja própria.1 Ao termo deste concurso, confessa Gilson, que não somente descobriu que há uma genuína filosofia na Idade Média, mas que nela se encontra o ápice do que se poderia chamar de uma filosofia cristã: “Foi procurando defini-la em sua essência específica que me vi levado a apresentá-la como a ‘filosofia cristã’ por excelência”2. Agora bem, ao colocar a filosofia medieval como o cume da filosofia cristã, nasce, então, mais um problema: existe uma filosofia cristã? Portanto, no bojo da negação de que houve na Idade Média uma filosofia, há outra questão, ainda mais sutil e complexa, mas da qual não podemos nos furtar: há uma filosofia cristã? Observa Gilson:

Mas, nesse ponto, a mesma dificuldade me aguardava em outro plano, porque, se por um lado se negou a filosofia medieval como fato, negouse também a possibilidade de uma filosofia cristã como idéia.3

1

GILSON, Étienne. O Espírito da Filosofia Medieval. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 1. 2 Idem. Op. Cit. 3 Idem. Op. Cit.

2

Para Gilson, todo o problema gravita em torno desta questão: existe a possibilidade de haver uma filosofia que se apresente, ao mesmo tempo, como filosofia e como cristã? Ora, se identificarmos que existe uma

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