Filme Giordano Bruno
A receita já havia sido testada em Sacco & Vanzetti (1971): bastava somar o talento de um diretor engajado do cinema político italiano, o brilho de um ator conhecido por interpretar personagens heróicos, o preciosismo de um mestre da trilha sonora, e uma história que simbolizasse a busca do ser humano por justiça. O filme Giordano Bruno (1973), de Giuliano Montaldo, com trilha sonora de Ennio Morricone e Gian Maria Volonté na pele de Giordano Bruno, repetiu a receita e funcionou com perfeição, de novo.
Na intenção de resumir a trajetória de Giordano Bruno, filósofo e político queimado pela Inquisição em 1600, o texto da capa do DVD explica tratar-se da história de um homem à frente do seu tempo. É um pequeno equívoco: não à frente de seu tempo, mas como típico homem de seu tempo, Giordano é um filósofo que se preocupa com as questões concernentes ao infinito, às relações entre espírito e matéria, entre o macro e o microcosmo. Além de filósofo e mago, é também o político que procura o diálogo com príncipes, reis e rainhas com o intuito de dirimir os conflitos surgidos das diferenças religiosas. Não apenas por suas idéias, que eram semelhantes às de outros filósofos naturais do período, mas pela certeza de poder produzir e operar no mundo, Giordano Bruno representou um perigo à Igreja e por isso foi perseguido e eliminado.
Nascido no reino de Nápoles, em 1548, Giordano viveu numa época em que a Igreja Católica se encontrava em crise, e o mundo sofria com os conflitos entre vários grupos religiosos, várias monarquias européias, e entre as Coroas e a Igreja. Obstinado e inflexível (nas palavras dos autos inquisitórios que o condenaram), Giordano defende que o filósofo é dono do próprio destino, e que a virtude nasce do conhecimento e da razão. Embora frei, e docente religioso, não é na teologia que Giordano busca explicações; é na filosofia, e por isso ele se apresenta como Filósofo, e por isso ele vaga por tantas