Figura indígena

Figura indígena

Montaigne escreveu vários ensaios, mas um dos seus mais importantes chama-se “Dos Canibais”, que foi inspirado no encontro que ele teve, em 1562, com índios da tribo Tupinambá que foram levados das costas brasileiras para serem exibidos na corte francesa.
Nos trechos expostos na apostila é notório o fato de Montaigne descrever o lugar onde vivem com um paraíso. Ele diz que a região é muito agradável e que lá não existe sequer um homem doente. Descreve também suas práticas alimentares (o fato de terem peixes e carnes em abundância e comê-los simplesmente cozidos) e sociais (a forma como dormiam e o fato das mulheres dormirem separadas de seus maridos). Na tribo existe uma divisão de trabalhos, onde os homens são responsáveis pela caça e as mulheres pelo preparo da bebida.
Montaigne relata claramente que a sociedade indígena é uma sociedade divida em ordem de respeito e idade, sendo os mais velhos cultuados e considerados como pais de todos os mais novos, e estes têm a obrigação de respeitá-los. Os idosos, considerados pais da tribo, recomenda para os índios apenas duas coisas fundamentais que são: “valentia contra os inimigos e afeição por suas mulheres”. Os indígenas acreditam na espiritualidade e que as almas são eternas. Dessa forma se a alma for boa e merecida dos Deuses ela vai se alojar no céu, bem no local onde o sol se ergue, mas se for uma alma ruim e “maldita”, será alojada no lado do ocidente. “{...}Podemos chamá-los de bárbaros com relação às regras da razão, mas não com relação a nós, que os sobrepujamos em toda espécie de barbárie.” (MONTAIGNE, Dos Canibais) Considerando que regra da razão significa a busca da verdade material, ou seja, em verificar, caso a caso, se a conduta poderia, efetivamente, gerar efeitos concorrenciais, este trecho expressa uma comparação feita entre os indígenas e os europeus, dizendo que as práticas canibalescas consideradas tão cruéis e antimorais, podem ser comparadas às guerras fúteis e