Fichamento: “Nascimento da Lei Moderna” de Michel Bastit

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC/SP

Fichamento: “Nascimento da Lei Moderna” de Michel Bastit

São Paulo, Outubro de 2012
• Capítulo I: A admiração das coisas

O papel de Santo Tomás de Aquino inicia-se na Idade Média, porém é visto que ele não se limita apenas ao estudo da filosofia, sendo herdeiro do florescimento do direito erudito provocado pela redescoberta do direito romano juntamente com um pensamento universitário que se desenvolveu na cultura medieval do conhecimento das coisas a partir do espanto.
Influenciada por Santo Agostinho, a cultura anterior a Santo Tomás era monopolizada pelo pensamento religioso, e se resumia em interpretar as Escrituras; algo que sofreu modificações apenas no decorrer do século XII e que situou o pensamento tomasiano primeiramente a se afastar das coisas para posteriormente promover uma aproximação.
O caráter essencialmente religioso do século XII fez com que as realidades temporais fossem uma imagem da realidade religiosa, algo que separava o céu dos acontecimentos terrestres e que enquadrava a inteligência como produto de uma ordem divina. A Palavra divina é a afirmação da transcendência, que desce ao mundo de forma a se colocar em oposição: “A marca própria da transcendência, nessa perspectiva, é justamente a capacidade de ficar livre relativamente a toda ordem que não seja a expressão adequada da vontade divina”.1
A vontade divina estava livre para ditar seus paradigmas como quisesse, sem precisar ser vinculada com as coisas ou com a natureza, já que estas são produtos dos homens e não de Deus, que são toleradas por Ele como um mal necessário. E essa onipotência divina também é apresentada do recebimento dos mandamentos por Moisés, que recebe do alto do monte as tábuas da lei, que passam a servir ao povo como uma verdadeira Constituição de um Deus secreto e transcendental. Antes de tal recebimento, o povo não era classificado como tal, já que não tinha lei própria, e