Fichamento o príncipe
O Príncipe é um manual de ação escrito em intenção do homem que deverá salvar a Itália dos “bárbaros” e unificá-la. Conciso, vazado num estilo de todo inconforme ao da época, que era o período largo, da divagação desapressada e do pensamento sacrificado pela aspiração à quase única beleza da forma, esse manual tem a economia e a sobriedade de um documento que hoje ficaria talvez confinado nos arquivos secretos das instruções para bem se manobrar na consecução e na manutenção do poder. Em “O Príncipe” Maquiavel escreve como um príncipe deve conduzir suas ações com objetivo de manter pelo maior tempo possível sua conquista com prestígio e segurança. Para expor suas ideias, Maquiavel analisa e expõe exemplos históricos e, dos fatos, extrai teorias sobre a natureza humana, a natureza do poder e a natureza do Estado. É de crer o valor literário desse documento de instrução e exortação no sentido da libertação e da unificação italianas e com endereço expresso a quem deveria promovê-las (a casa de Medici), e teria ficado como um testemunho histórico de um momento conturbado e precisado de remédios heroicos e torpes.
Toda a vida de Maquiavel transcorre em clima de guerra: Segundo chanceler, secretário dos Dez de Liberdade e Bailia, é ele enviado em missões à França, à Suíça, à Alemanha e, na Itália, mantém entendimentos com o chefe da Igreja, com César Bórgia, com Caterina Storza, senhora de Forli. Não são missões revestidas de poderes de decidir, pois o secretário não é um embaixador, mas apenas um funcionário - graduado, sim -, no fundo encarregado de obter informações, de interpretar – com a argúcia e a experiência que todos lhe reconhecem.
. A par destas missões, nas quais disseca os príncipes e suas cortes, Maquiavel se entrega ao estudo da arte militar e da organização da milícia própria, o exército não mercenário ou auxiliar, isto é, não constituído de forças mercenárias e