Fichamento rio cidade capital
Rio, cidade - capital
Marly Motta
TERRITÓRIO
E
SOCIEDADE
DO
BRASIL
Em 1992, surgiu um movimento chamado “Rio-capital” que defendia a volta da cidade Federal para o Rio de Janeiro.
São dois os objetivos principais deste trabalho.
O primeiro é entender o processo de construção do Rio de Janeiro como cidade-capital do Brasil, para o que será necessário trilhar a via por onde circulam os projetos simultâneos e interligados de formação do Estado e da nação no Brasil imperial e republicano.
O outro é entender por que, mais de quatro décadas depois de ter deixado de ser a capital do país, a cidade do Rio de Janeiro ainda funda a sua identidade política sobre a tradição de ser a “síntese da nação”.
A cabeça do império
Com a transferência da sede da monarquia para o Rio de Janeiro em 1808, consolidou-se a idéia de construir um império na América Portuguesa. Ao substituir Lisboa à qual cabia fornecer sentido e significado às “capitanias separadas”, a cidade deveria se tornar o baluarte da construção desse império.
No pobre cenário da cidade colonial teve então lugar uma verdadeira febre de empreendimentos. Fundaram-se escolas de medicina, marinha, de guerra, de comércio; uma imprensa Régia, que sempre fora recusada à colônia; , uma livraria que seria o núcleo da futura biblioteca Nacional; o Jardim Botânico; a academia de Belas-Artes, o teatro Real, o Banco do Brasil.
A própria configuração urbanística da cidade precisava se adequar a essa função de cenário do poder imperial.
Seguindo as indicações de Ilmar Rohloff de Mattos, os políticos conservadores os chamados “saquaremas” atribuíram a chamada “cabeça do império” a função de matriz geradora de valores capazes de delinear o perfil da jovem nação. Se a capital Brasileira não tomou a forma ordenada e reguladora do tabuleiro de xadrez hispano-americano, isso não significou que de sua configuração urbana estivessem ausentes os elementos que a tornaram o modelo da nação que se