Fernando collor de mello
De fato, nas eleições que trouxeram o maior número de candidatos a presidente da história brasileira, além dos nanicos, os demais concorrentes tinham contornos ideológicos. De um lado, estavam candidatos de orientação esquerdista, de partidos formados a partir do MDB: Mário Covas (PSDB, fundado em 1988), Lula (PT), Ulysses Guimarães (PMDB), Roberto Freire (PCB) e Leonel Brizola (PDT). De outro, apresentavam-se candidatos de direita, de legendas saídas da antiga Arena: Paulo Maluf (PDS), Aureliano Chaves (PFL) e Guilherme Afif Domingos (PL). O empresário e apresentador Silvio Santos, a 15 dias do primeiro turno, também tentou entrar na disputa, pelo nanico PMB, mas foi impedido pela Justiça Eleitoral.
A campanha foi marcada pelo tom emocional adotado pelos candidatos e pelas críticas ao governo de José Sarney. Collor se autodenominou "caçador de marajás", que combateria a inflação e a corrupção, e "defensor dos descamisados". Lula, por sua vez, apresentava-se à população como entendedor dos problemas dos trabalhadores, notadamente por sua história no movimento sindical.
Ao final do segundo turno, três episódios negativos ao petista foram decisivos para o desfecho das eleições. O programa na TV de Collor trouxe Mirian Cordeiro dizendo que Lula, seu ex-marido, batia nela. Aliado a um discurso de que Lula traria insegurança por ter origem de esquerda, o empresariado mostrou-se refratário ao candidato do PT: o então presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Mário Amato, afirmou que se Lula vencesse 100 mil empresários