Fechadura

Terça feira, 18 de Junho
_Não.. Tudo menos isso! - dizia entre suspiros a loira de olhos dourados e cabelos longos que estava do lado da lareira elétrica, sentada em uma pequena poltrona que fazia Meredith lembrar da casa de seus avós.
O vento batia nas janelas e o barulho era estridente, estava abafado ali dentro, e a tensão que aumentava a cada segundo já não era mais suportável.
_Eu não posso! Nunca pude.. - dizia a garota que a alguns instantes estava na pequena poltrona. Os murmuros um tanto quanto dramáticos seguiram por mais algum tempo, e só foram interrompidos quando a campainha que quase não podia ser ouvida tocou pela segunda vez na noite.
Juliet me encarou assustada. A campainha tocou novamente, retribui a careta tentando faze-la entender que deveria se recompor, rápido. Seu rosto ainda estava molhado, os cabelos que geralmente eram impecaveis estavam despenteados e opacos, ela continuava a me encarar, enquanto procurava algo na bolsa de couro jogada no sofá. A campainha tocou pela terceira vez.
Insistente! - O som saiu de minha boca sem que eu percebesse, talvez tenha dito alto de mais, me virei novamente para Juli, ela fez um sinal como se avisasse que estava pronta. Abri uma fechadura, era absurda a forma como ela gostava de por trancas nas portas, e como o grau de dificuldade aumentava de acordo com a altura em que elas eram posicionadas. Era mais fácil um ladrão ganhar na loteria do que abrir aquela porta. Antes que a campainha tocasse pela milésima vez berrei -Um segundo!. Consegui ouvir um suspiro, não soube decifrar se aquilo havia sido fruto da irritação, ou da irônia.
_Juliet, eu desisto! Sério, se quiser que seu convidado entre, abra você mesma! -
Ahh, quanto drama Kat, não é tão dificil assim! - Nem parecia que ela havia acabado de chorar o mar Atlântico, a forma como ela superava rápido me intrigava, era quase tão absurdo quanto sua obcessão em trancar portas.
Me virei para o espelho que ficava de frente para o sofá. Não