EÇA DE QUEIRÓS

2546 palavras 11 páginas
REVISADO
Alves & Cia., de Eça de Queirós e Amor & Cia., de Helvécio Ratton

Em O prazer do texto, Roland Barthes estabelece uma interessante distinção entre texto de prazer e texto de gozo: o texto de prazer vem da recepção instintiva, do (re)conhecimento daquilo que integra o modelo, de uma assimilação passiva do que o texto oferece. Quando a sua recepção apresenta diferenças, atualizações de uma inteligência criadora, num modelo
(re)conhecido, transforma-se, segundo Barthes, em texto de gozo. Gozo que decorre de convergência da sensação com a inteligência e sucede à percepção de que o texto resulta de uma recriação atualizadora. O gozo será portanto resultado de uma percepção mais abrangente do que aquela que causa o prazer, pois terá a capacidade de prolongar-se no tempo. Só poderá obtê-lo quem for capaz de encontrar no objeto o que está além de sua epiderme, quem não se satisfizer com a emoção agradável, quem fizer atuar a inteligência, tornando a percepção um ato válido de aprendizagem. Em outras palavras, quem for capaz de fazer um descentramento para atualizar e recriar, fazendo cumprir a dupla função da arte, que não se satisfaz em mimetizar para moralizar, pois, além de divertir, envolve o receptor para fazê-lo pensar. E para esse processo serão sempre muito úteis a ironia e o humor.
A ironia e o humor, usados com grande eficácia na arte literária, parentes ambos da retórica, fundamentados no dizer algo sem dizê-lo e na valorização de um receptor capaz de perceber que não se diz (apenas) o que se diz, distanciam-se, entretanto, a partir de seus objetivos finais. Enquanto a ironia baseia-se em jogos de enganos, tem geralmente objetivos pragmáticos e pretende afirmar ou recuperar verdades, o humor brinca com os significantes e desvela os artifícios do ser humano para se fazer valer, exibindo máscaras e fingimentos. O humor tem portanto maior alcance, pois mostra que o ser humano é frágil e risível no seu apego aos
significados

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