Expiação Limitada
CALVINO ENSINOU A EXPIAÇÃO LIMITADA?
Leandro Antonio de Lima*
INTRODUÇÃO
A partir do desenvolvimento da doutrina da Expiação na tradição reformada, que tem a ver com a obra da redenção realizada por Cristo através de sua morte na cruz, a pergunta “por quem Cristo morreu?” passou a ter cada vez mais importância1. Devido ao entendimento de que o sacrifício de Cristo não apenas possibilita, mas realmente expia, ou seja, perdoa os pecados, a teologia reformada sustentou que Cristo morreu exclusivamente pelos pecados de seu povo. O fato é que os teólogos reformados começaram a pensar que a morte de Cristo não poderia realmente se estender a todos os homens sem exceção, pois isso implicaria na salvação de todos. O que a morte de Cristo poderia fazer por um Judas
Iscariotes? Qual teria sido o benefício de Cristo derramar seu sangue por alguém que já estava no inferno quando Jesus morreu? Como diz Louis Berkhof, “a posição reformada é que Cristo morreu com o propósito de real e seguramente salvar os eleitos, e somente os eleitos. Isto equivale a dizer que Ele morreu com o propósito de salvar somente aqueles a quem Ele de fato aplica os benefícios da Sua obra redentora”2.
A doutrina reformada da Expiação Limitada é construída sobre a doutrina da
Predestinação. A doutrina da Predestinação diz que Deus, desde toda a eternidade, tem escolhido para si um número certo e limitado de pessoas, as quais serão salvas, enquanto que tem preterido o restante que deverá pagar por seus próprios pecados. Essa idéia reflete consistentemente o ensino da Confissão de Fé de Westminster, a clássica confissão reformada, que delimita a eficácia da morte de Cristo aos eleitos de Deus:
O Senhor Jesus, pela sua perfeita obediência e pelo sacrifício de si mesmo, sacrifício que, pelo Eterno Espírito, ele ofereceu a Deus uma só vez, satisfez plenamente à justiça de seu Pai, e, para todos aqueles que o Pai lhe deu, adquiriu não só a reconciliação, como também uma herança