Eu vos abraço miloes

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PEQUENA TEORIA DO ROMANCE

O romance, tal como o entendemos hoje, surgiu em meados do século XVIII, com o Romantismo, tendência oriunda do desgaste das fórmulas clássicas trazidas pelo Renascimento e esgotadas pelo modelo racional Iluminista, marcando sua ligação com o novo espírito burguês que libera suas pulsões individuais, rejeitando o modelo universalista e formal dos clássicos. Começa o império do eu, do sentimentalismo pessoal. O romance foi a forma encontrada pela literatura para enquadrar, em suas tramas, a vida sedentária e ociosa da burguesia industrial ascendente, que desejava ler, nas obras, suas ambições, seus desejos, e fugir da rotina maçante do cotidiano. A literatura assume o papel de entreter e divertir essa camada social que vive à noite suas veleidades sociais, e sente durante o dia um profundo tédio, somente superado pela leitura de obras atraentes e dinâmicas, mas não profundas e difíceis. Eis o Romantismo, e eis o romance como o reconhecemos. Sobre a ligação da burguesia com o romance Massaud Moisés nos ensina: “Portanto, sem o saber, assistem ao espetáculo da própria vida como se fora alheia, estimulando desse modo uma forma literária que funcionava como o espelho em que se miravam, incapazes de perceber a ironia latente na imagem refletida.”

Sob o ponto de vista estrutural, o romance apresenta pluralidade dramática, sendo constituído por uma série de núcleos narrativos que seguem, até certo ponto, independentes, mas sempre guardando uma ligação entre si, que preserva a unidade da obra, tão importante na realização de um texto. É interessante notar que os núcleos narrativos do romance não nos são mostrados em seqüência, e sim em simultaneidade, todos eles evoluindo e caminhando juntos, sem que um determinado conflito tenha que esperar a ocorrência de alguma situação em outro núcleo dramático. Vale sempre lembrar que o romance surge como representação da vida cotidiana, resguardando a ligação com o ritmo natural da vida,

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