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5359 palavras 22 páginas
ÉTICA: A LIBERDADE COMO DESTINO SEGUNDO JEAN-PAUL
SARTRE

Cléa Gois e Silva
Professora Assistente - Filosofia
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Veiga de Almeida - RJ

Sartre iniciou a sua atividade de filósofo com as

investigações sobre

psicologia “fenomenológica” tendo por objeto o eu, a imaginação e as emoções. O ponto de partida destas pesquisas era já a noção de intencionalidade da consciência, mas Sartre opõese desde início a Husserl pela sua interpretação existencialista

desta noção. O ensaio sobre

A Transcendência do Ego começa pela afirmação de que “o eu não é um habitante da consciência” 1

; que ele “não está na consciência, nem formalmente nem materialmente,

mas sim fora , no mundo: é um ente do mundo como o eu de um outro”

2

. E conclui,

opondo à tese de Husserl sobre a apoditicidade do eu, que o meu eu não é mais evidente para a consciência

do que o eu de um outro, e que o eu e o mundo são dois objetos de

uma consciência absoluta e impessoal que é simplesmente “a primeira condição e a fonte absoluta da existência”3 . Com esta posição Sartre situa-se já fora do subjetivismo ou idealismo transcendental de Husserl. No ensaio sobre a Teoria das Emoções a consciência é entendida como “ser no mundo “ e a emoção, como modo de ser da consciência, é interpretada como uma modificação mágica do mundo, isto é, uma modificação destinada a

1

combater os perigos e os obstáculos do mundo sem instrumentos ou utensílios, com uma modificação maciça ou total do próprio mundo. A emoção surge quando “o mundo dos utensílios desaparece de improviso e o mundo mágico comparece em seu lugar”4 ; ela, por isso, “não é um acidente mas um modo de existência da consciência, uma das modalidades em que compreende o seu ser no mundo “

5

. Analogamente, a análise fenomenológica da

imaginação conduz Sartre a reconhecer as seguintes condições que tornam possível a imaginação: “ Para formar imagens a

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