Estudante

‘’Em busca de sentido: Ciência e Religião” de Carlos Fiolhais

A ciência e a religião são atividades diferentes do homem que respondem, nomeadamente, a diferentes necessidades deste. A ciência trata do conhecimento do mundo natural, recorrendo à razão, à observação e à experimentação; tem um carácter cumulativo que lhe confere estabilidade e continuação; é um empreendimento partilhado por toda a humanidade. Já a religião trata da relação do homem com o “transcendente” e baseia-se na fé e na crença que é obtida pela ‘’graça’’ ou ‘’revelação’’, o Deus da Igreja Católica.
É importante referir também que a ciência e a religião têm coisas em comum, ou seja, têm o homem como ator comum e em ambas há a procura de um sentido. Mas os sentidos que procuram são completamente distintos. O sentido do mundo demandado pela ciência – a ordem natural do mundo e a sua explicação pela lógica e pela experiência – não é o mesmo sentido demandado pela religião - a ordem do mundo invocando o transcendente.
Antigamente, a Bíblia era o livro da ciência. Porém, graças a Galileu Galilei, a ciência e a religião separam-se, e seguiram caminhos diferentes. No chamado ‘’ caso Galileu’’, Galileu defendia as ideias do monge Nicolau Copérnico e baseando-se na observação realizada com o telescópio, colocou em causa cosmologias antigas, designadamente o modelo cosmológico de Aristóteles e Ptolomeu, todavia, no seu julgamento foi obrigado a abjurar as ideias de Copérnico, por estas contrariarem a Igreja.
Contudo, estas desavenças do passado foram esquecidas e perdoadas. Já que a ciência moderna surgiu no contexto do pensamento cristão. Outra questão que preocupava os pensadores era o papel de Deus no mundo: por exemplo, para Newton havia um Deus ‘’obreiro’’, enquanto Leibniz havia um Deus ‘’preguiçoso’’, que descansava eternamente depois de ter realizado no curto tempo da Criação a Sua obra.
O momento mas alto da tensão entre a ciência e religião levantou-se em pleno século XIX, bem depois de