Estudante
Religiosa, de Émile Durkheim: contribuições e polêmicas.
Prof. Dr. Edimilson Antonio Bizelli – PUC-SP
I - Introdução.
Este artigo não tem a pretensão de um estudo exaustivo da obra acima citada e sim enfatizar alguns de seus aspectos e que dizem respeito à concepção de mundo e da própria
Sociologia formulada pelo autor. Mais especificamente, trataremos da questão da
“representação” desenvolvida por Durkheim e seu debate epistemológico com o
“empirismo e o apriorismo” onde realiza uma incursão pela Sociologia do conhecimento e o papel da ciência. Para não descontextualizá-lo, acreditamos que outras referências serão necessárias para dar uma seqüência lógica ao seu pensamento mas sem perder de vista os objetivos aos quais nos propomos. Para tal, algumas considerações prévias sobre sua concepção e da sua Sociologia poderão dar o suporte para nossos objetivos.
Do ponto de vista da Sociologia institucional, Émile Durkheim (1858-1917) e Max
Weber (1864-1920) são as duas grandes referências que afirman tal ciência na viragem do século XIX para o século XX. Suas concepções, diametralmente opostas, fazem-se e refazem-se mesmo na atualidade quer por eles mesmos quer pelos seu seguidores. Se a eles acrescentarmos Karl Marx (1818-1883) teremos as três grandes referências fundamentais da Sociologia, cada uma com sua matriz específica e, ao mesmo tempo, contraponto das outras. Três matrizes que buscaram estabelecer uma relação de reciprocidade entre as condições sociais de vida e sua propostas de ciência no contexto das mudanças que a
Europa Ocidental conheceu com o surgimento e implantação do capitalismo.
Se uma das questões centrais que perpassava os debates no bojo destas mudanças era, sistematicamente - e como ponto de partida – como se forma e como se mantém a ordem social (como por exemplo em Thomas Hobbes e, posteriormente, Jean Jacques
Rousseau – e este já no clima da Revolução Francesa) Durkheim