Estrutura hibrida
Desde os anos 1990, a aceleração dos processos de mudança organizacional (KANTER, STEIN E JICK, 1992; WILSON, 1992), o crescimento dos processos de fusão e aquisição (Gregoriou e Renneboog , 2007; Marks e Mirvis, 1998; The Econom ist, 1999a; The Econom ist, 1999b; Vasconcelos, Caldas e Wood,
2003), e os processos de privatização, especialmente nos países emergentes (Ramamurti, 2000), fizeram surgir o que se poderia denominar organizações híbridas, um novo “tipo ideal” (veja Lamme rs, 1988). No Brasil, diversos casos recentes podem ter gerado organizações híbridas, tais como a aquisição do ABN-Real pelo Santander, a fusão entre o Itaú e o Unibanco, o surgimento da Fibria, resultado da união entre a Aracruz Celulose e a Votorantim Celulose e Papel, e a criação da Brazil Foods, resultado da união entre a Sadia e a Perdigão.
Neste ensaio, procura-se apresentar as organizações híbridas como configurações resultantes de processos de mudança e que conservam, por muito tempo, no mesmo locus organizacional, características estratégicas, organizacionais e culturais distintas, originárias das matrizes que a constituíram, e que podem ser, eventualmente, antagônicas.
TEORIA: REVISÃO DA LITERATURA ATUAL
Nas últimas décadas, os termos ‘híbrido’ e ‘hibridismo’, cuja origem ocorreu na biologia, foram apropriados pelos campos da sociologia e dos estudos culturais, sendo o hibridismo associado a uma qualidade, um estado ou uma condição existencial (veja Bhabha, 2003; Haraway, 2000; Burke , 2003; Garcia-Canclini, 2003a; 2003b).
Organizações quase governamentais e híbridos que envolvem organizações sociais
No domínio da Nova Economia Institucional, o termo ‘organização híbrida’ é utilizado para referir-se a híbridos que operam entre o mercado e a hierarquia (Williamson , 1985; 1991), ou arranjos que combinam contratos e entidades administrativas de forma a garantir a coordenação entre parceiros que ganham com a dependência mútua, porém precisam