Estimular o crescimento e aumentar a competitividade no Brasil: Além da política industrial e da terceirização da culpa. Jörg Meyer-Stamer1

12864 palavras 52 páginas
Estimular o crescimento e aumentar a competitividade no Brasil: Além da política industrial e da terceirização da culpa.

Jörg Meyer-Stamer1

Texto elaborado para o
ILDES – Fundação Friedrich Ebert, São Paulo

27 de janeiro de 1999

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Agradeço os relevantes comentários feitos por Edmund Amann, Regis Bonelli, Aguinaldo Nogueira Maciente, Thiago Rabelo Pereira, Hubert Schmitz e Helmut Schwarzer, a respeito da primeira versão deste documento.

1. Introdução

A bem da verdade, é necessário dizer que, nos últimos quatro anos, não houve uma política industrial no Brasil. Mais do que isto, falar em política industrial era usar uma palavra feia, e isto não sem razão. Apesar de que a política industrial apresentou seus méritos no passado, ela também apresentou graves deficiências. Por um lado, é necessário reconhecer que o Brasil não teria o grau de industrialização que apresenta hoje, caso não tivesse havido uma política industrial. Setores chave da economia devem a sua existência a décadas de política industrial, começando na década de 40, com a criação da primeira unidade de produção de aço, a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda; continuando, nos anos 50, com a implementação da indústria automobilística e culminando, na década de 70, com o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento que, entre muitas outras coisas, levou a um aumento maciço da capacidade produtiva, que fez com que a indústria petroquímica se transformasse num dos mais importantes setores industriais brasileiros.

Por outro lado, esses sucessos traziam consigo aquilo que hoje parece ser uma das principais fraquezas do esforço industrial brasileiro. O propósito desta política era a criação de vantagens comparativas dinâmicas, dirigidas principalmente a setores industriais nos quais o Brasil não apresentava nenhuma vantagem comparativa estática. Assim o Brasil acabou apresentando uma forte tendência em favor das indústrias de capital intensivo. Seria

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