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9418 palavras 38 páginas
Estigma no tempo da Inclusão

Sadao Omote

Em 1984, defendíamos a tese de que as deficiências deveriam ser estudadas no contexto das diferenças individuais, uma velha idéia acalentada havia pouco mais de dez anos, e não como categorias específicas de patologias. Naquela oportunidade, ainda era predominante a idéia de que as deficiências deveriam ser organizadas em categorias específicas conforme a área de comprometimento. Assim, os nomes tradicionais como deficiência mental, deficiência visual, deficiência auditiva e deficiência física serviam para delimitar e designar áreas específicas de comprometimento da clientela, de serviços prestados, de formação e atuação profissional, e até de conhecimento.
Nos recentes anos, mais especificamente a partir do momento em que a Declaração de Salamanca, firmada em 1994, tornou-se amplamente conhecida no nosso meio, houve um redimensionamento desse quadro de referência. Nomes que designam deficiências específicas foram banidos e, em seu lugar, foram cunhados termos genéricos como necessidades especiais ou, mais especificamente, necessidades educacionais especiais. Serviços especializados tornaram-se alvos de críticas, sendo responsabilizados pela segregação sofrida pelos seus usuários, e busca-se uma forma de atendimento capaz de educar todos, na diversidade, tirando proveito da diversidade. A necessidade de formação especializada de professores de Educação Especial, tão valorizada nas décadas de 70 e 80, passa por uma revisão, na qual freqüentemente se contrapõe a formação generalista à formação do especialista.
Nesse redirecionamento do discurso da Educação Especial, a diferença e a diversidade, e ao mesmo tempo um pouco disfarçada e ambiguamente a igualdade, tornaram-se alguns dos conceitos centrais. Esse quadro de referência em construção parece supor que a ampla gama de variações, que as pessoas podem apresentar em seus atributos, capacidades e comportamentos, se situa num continuum com uma estranha escala que

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