Estamira
Por Miranda, L. C. M.
1) Se você fosse o profissional responsável pelo tratamento de Estamira, como você entenderia Estamira?
2) Qual a função que os “sintomas” desempenham no contexto de vida de Estamira?
A razão é natural nos homens? Ou foi construída pela civilização? O que fazer com tudo aquilo que não podemos chamar de “racional”. Mas o que é razão? Costumamos chamar de razão a capacidade que todo ser humano tem de criar e articular palavras e pensamento. Por isso dizemos que o ser humano é um animal racional, que fala, pensa, tem ideias. Chamamos também de razão a um pensamento tipicamente ocidental que nasceu entre os gregos e se tornou o orientador da conduta humana no mundo.
Razão não quer dizer somente pensar, mas pensar de forma organizada, esclarecida, contida, sem contradições, nem grandes emoções. Foi com Sócrates e Platão que esse modelo nasceu e está presente até hoje. A racionalidade é uma exigência da nossa civilização. Sócrates e Platão acreditavam que o corpo, as sensações, as emoções são as fontes dos erros, da violência e da desordem. Para eles, os homens precisam se opor à sensibilidade, sensações e apetites do corpo e buscar a essência das coisas, a verdade que vem dos pensamentos e ideias. As opiniões e ilusões, as crenças religiosas e principalmente as contradições, devem ser rejeitadas. Portanto, a razão não é natural nos homens, como se acredita. Ao contrário, foi construída pela cultura e é um produto da nossa civilização. Será que a razão consegue mesmo guiar o homem? O que a sociedade fez ao longo da história com aqueles que não conseguiam controlar as contradições, os afetos, as paixões?
Para que o pensamento racional pudesse se manter como modelo de discurso, o homem procurou afastar todos que se atentassem contra ele: os que deliram, os que se excedem, os que desequilibram. Quando a razão se tornou ideal de interpretação do mundo, a ausência de razão, a loucura, passou a ser o que devíamos excluir e banir