ESCOLARIZA O E SUBJETIVA O DE CRIAN AS EM ESTRUTURA O PSIC TICA Livro

4210 palavras 17 páginas
ESCOLARIZAÇÃO E SUBJETIVAÇÃO DE CRIANÇAS EM ESTRUTURAÇÃO PSICÓTICA – UMA PERSPECTIVA TRANSDISCIPLINAR1
Ilvo Fernando Port2

Trata-se, aqui, de uma pesquisa3 em que psicanalista e educador trabalharam de forma transdisciplinar nos processos de subjetivação e de escolarização de uma criança em estruturação psicótica, em classe de educação infantil de escola regular. Meu interesse pela realização dessa pesquisa se deu a partir das freqüentes demandas de educadores envolvidos com casos de inclusão educacional.
Estas demandas ocorriam em razão do estado de perplexidade dos educadores, causado tanto pelos efeitos imaginários do diagnóstico de psicose ou de autismo com os quais as crianças eram identificadas, quanto pelo confronto com a diferença radical da criança com problemas severos de estruturação psíquica. Esta perplexidade muitas vezes engessa a espontaneidade dos professores, impedindo-os de sentir, de pensar, de ter idéias e, portanto, de perceber as possibilidades, fazendo-os sentirem-se desautorizados para exercer sua função.
Diante de tais demandas eu tinha uma espécie de “recusa passiva”, evitando a busca de um trabalho transdisciplinar mais consistente – apenas marcava uma reunião com os professores quando estes pediam, o que, na maioria das vezes, só ocorria quando já havia uma crise instalada. Somente com o passar do tempo me dei conta disso e, ao me perguntar sobre o porquê de minha recusa passiva, percebi que era porque eu me sentia impotente para responder as demandas dos professores, que eu sentia serem, muitas vezes, de prescrições a serem seguidas. Eu não sabia o que orientar aos professores, pois meu campo de pesquisa era a clínica e não a educação e, portanto, eu imaginava que não teria com o que colaborar em relação às dificuldades surgidas na escola. Ao mesmo tempo eu considerava que responder as demandas seria ocupar uma posição de mestria, avessa à psicanálise. Contudo, em outros momentos eu tentava corresponder ao que imaginava que era

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