Eram os deuses
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José Eduardo Mendonça
Planeta Sustentável – 04/03/2011 Esta ambivalência, diz ele, permeia a retórica e o pensamento ambientalistas. Ora, julgar a ação humana por um padrão diferente do que seria "natural" aparta o homem da natureza - mas para convencê-lo a viver sustentavelmente, ele precisa crer que faz parte dela. Ainda, a defesa estética do ambiente sugere uma fruição que pede distanciamento, e esta atitude é a que supostamente origina a destruição ambiental. Além disso, ambiente é tudo que se encontra em torno de nós, e como julgar que alguns lugares são mais especiais que outros?
Óbvio que estes questionamentos não surgem no discurso comum e cotidiano das questões ambientais, o que está longe de dizer que são irrelevantes. Não são, uma vez que a resposta a eles informa o contexto do debate e, por consequência, sua natureza.
Como qualquer livro de filosofia, o de Jamieson pede leitura atenta e nos faz voltar em vários trechos para nos certificarmos que apreendemos seu sentido - o que nem sempre é possível para aqueles não habituados ao rigor de pensadores como Kant, amplamente citado. Isto, no entanto, não deve constituir um impeditivo. O autor não é um nerd impenetrável, e sabe ser bem-humorado: "Naturalmente, é possível que os céticos estejam certos e que a ciência ambiental seja, na maior parte, um amontoado de bobagens. Mas, então, pode ser também que eu ganhe na loteria".
Sabe, também, ser enfático e dramático: "Enquanto um único inocente morrer desnecessariamente por causa de danos ambientais causados por