Era uma vez...

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Era uma vez...

Aline Gostinski

Era uma vez, há 26 anos, uma quarta-feira especialmente ensolaradai, quando um “bom velhinho”ii promulgou “o documento da liberdade, da dignidade, da democracia e da justiça social do Brasil”iii, ali nascia o Estado Democrático de Direito
Brasileiro, ali a Democracia lançava suas raízes para que no futuro fossem colhidos os frutos doces e a sombra generosa...
A ditadura militar rechaçou as garantias e liberdades individuais e desde
1964 o Brasil permanecia subjugado ao regime de exceção, cuja finalidade era garantir os interesses da ditadura, internalizados em conceitos como a segurança nacional.
Depois de mais de duas décadas de arbítrio, a nova Constituição consolidou o Estado
Democrático de Direito no Brasil e assegurou ao povo brasileiro as liberdades fundamentais tanto almejadas, privilegiando os direitos sociais dos cidadãos e garantindo a volta da estabilidade econômica e política. Ficou evidente no texto constitucional os sentimentos profundos dos brasileiros naquele momento da história do país, refletindo o contexto social, político e inclusive alguns excessos.
Logicamente não se trata de um modelo perfeito. Taxada de documento prolixo, demasiadamente programático e até exaustivo por alguns, desde 1988, a
Constituição Federal já recebeu 83 emendas e quase 2.000 propostas tramitam no
Congresso Nacional. Entretanto, é inegável que, mesmo depois de 26 anos, a Carta
Magna do Brasil ainda apresenta vitalidade e potencial principalmente por sua capacidade de resiliênciaiv – seja pelas mudanças formais do texto através das emendas, seja pelas mudanças informais através de novas interpretações de seus dispositivos -, ela evoluiu e se adaptou nesses anos de amadurecimento social e político. Mais do que comemorar os 26 anos da Democracia no Brasil, o presente artigo tenciona refletir sobre a efetivação dos dispositivos constitucionais. Depois de mais de duas décadas e meia de desenvolvimento e evolução,

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