Resenha “Era uma vez um tirano” – Ana Maria Machado “As conversas e ideias são grandes inimigos dos Tiranos” é o que diz Ana Maria Machado em sua obra “Era uma vez um tirano”. Essa obra torna-se um elemento importante que indica um caminho para a educação e formação política das crianças a partir da Literatura Infantil. Esse tipo de obra apresenta outra face da Literatura Infantil – ao contrário daquela que serve como instrumento defesa de uma visão de mundo e organização social – visando a contestação do sistema vigente. Dessa forma, a autora garante ao longo da história o entendimento, em determinado momento, em que há uma distorção de função pela autoridade – quando o tirano não assume mais sua função social e perante seus súditos perde legitimidade. A mensagem que permanece no final do livro é a de que é necessário combater as práticas dos regimes autoritários – em menção direta ao regime militar brasileiro – por meio da organização popular. Esse tipo de apelo feito pela autora aos leitores, principalmente falando das futuras gerações de cidadãos, me remete a todo cenário das eleições brasileiras de outubro de 2014. Isso se dá pelo fato de ter sido uma das disputas eleitorais mais acirradas e violentas da História do Brasil. A pergunta que fica é: “Como as crianças se lembrarão dessa época quando tiverem idade legal para ser um eleitor?”, e mais: “Será que os pais dessas crianças conseguiram dar um suporte adequado para elas no que se refere a posicionamento político?”. Sabe-se que as escolas brasileiras ainda não formam seus estudantes politicamente, talvez por ainda se virem presas em teorias baseadas na defesa de que a escola deva ser um espaço neutro da sociedade. Portanto, “sobraria” a responsabilidade para os pais. O problema é que, muitas vezes, esses personagens também não tiveram uma formação política institucionalizada, e por isso, acabam por buscar fontes de informação “no mundo”, fontes essas que podem não se ver na responsabilidade de