Entrevista

Sou surda sim, sou surda! Meu nome é Mariana... Tenho 29 anos. Eu nasci em Santos e mudei para Jundiaí faz 10 meses. Eu estudo Administração de Empresas e trabalho numa empresa da área de transportes. Quando pequena, eu estudei em uma escola que tinha uma classe especial no Colégio do Carmo, lá de Santos. O grupo teve início na primeira série com alunos pequeninos até a 8ª série. Eu estudei e sofri muito porque, no passado, há uns 10 anos atrás, a Libras era proibida. Somente existia a leitura labial e a oralização. Mas os professores deixavam fora da sala de aula a línguas de sinais era livre. Dentro da sala de aula era proibido: oralizavamos. Língua de sinais não podia, oralizavamos. Eu sofri porque o português era muito difícil para eu aprender. Agora existe a Lei para que as crianças aprendam a Libras primeiro e, depois, o português, certo! Antigamente era muito atrasado. Eu aprendi português com mais ou menos 9 anos... foi quando eu comecei a aprender português corretamente. Agora, eu peço para que todos [surdos] aprendam primeiro a Libras. (...) Então, quando eu estava [era] pequena, na verdade, minha mãe e meu pai não sabem [sabiam] Libras. Somente um irmão sabe Libras e é o único. Isto porque meu irmão convive[u] com surdos. Meu irmão está junto comigo e está acostumado com a Libras, meu pai não. Quando eu brigo ou quando estou magoada [me magôo]... essas coisas... minha mãe não [me] entende o que eu falo, porque os sentimentos são muito diferentes entre surdos e ouvintes. O surdo entende diferente do ouvinte. O ouvinte entende diferente do surdo. (...) Mas os ouvintes precisam compreender como é o sentimento do surdo [ou como o surdo se sente]. (...) Todos os surdos são iguais só porque não sabem falar [oralmente] e falam língua de sinais, não! Não são iguais. Porque depende da pessoa, quando criança se sabe falar [oralmente] ou Libras. Por isso o ouvinte não está nem aí com os surdos. Agora, os surdos precisam ensinar Libras [para o ouvinte] e o ouvinte