Ensaio "memórias de um sargento de milícias"
Não cabe classificarmos Leonardo como “pobre”, uma vez que, apesar de sua condição social não ser muito privilegiada, também não é extremamente precária, ele não é privado de suas necessidades básicas, bem como Paes classifica o termo em sua análise. Muito menos podemos dar a Leonardo o status de “diabo”, pois ele é o sujeito que nasce em meio a cutucões e pisadelas, o menino que cresce peralta, infernizando toda a vizinhança – inclusive a vizinha de seu padrinho, que o irrita várias vezes ao longo do romance -, porém, nosso protagonista é um ser que não faz tudo isso por maldade, mas por inocência perante às situações cotidianas. Abandonado por toda sua família e sendo criado por seu padrinho, ele realiza apenas ações que nunca foram remediadas por seus “protetores”, para Leonardo, aquelas situações eram consideradas normais. Paes explicita tal evento em sua análise:
Compadecer-se é, etimologicamente, padecer junto, mas — atenção — em posição de superioridade. Magnanimamente abdicamos, por um momento, do nosso conforto de não-sofredores para, sem risco pessoal, partilhar o sofrimento de alguém menos afortunado e por conseguinte inferior a nós. De alguém a quem possamos entre depreciativa e compassivamente chamar de "pobre diabo". (Paes, 1987, p. 38)
Ou seja, é