Engenharia
O problema, levantado por Agostinho em sua obra, pode-se ter ideia da profundidade da análise das implicações das conclusões a considerando-se Agostinho um cristão autêntico, não é de se admirar que nele também esteja a firme convicção de que em Deus resida todo o bem, e que nenhum mal pode ser encontrado Nele. Portanto, parece-lhe lógico afirmar que Deus não é o autor do mal, contudo, a sinceridade do autor não deixa passar o fato de que o mal está presente.
O argumento se sustenta na excelência da faculdade da razão, exclusiva do homem, que nos eleva à condição de seres superiores dentre os demais seres vivos. É justamente esta faculdade que nos permite subjugar os desejos inferiores, o que por sua vez eleva a razão à uma posição de senhorio no homem.
Não existindo nada maior ou mais excelente que a razão humana, exceto Deus, apenas Ele poderia subjugá-la em favorecimento das paixões, o que é evidentemente impensável, visto ser Deus absolutamente justo e bom. Daí segue-se que, sendo a razão superior a paixão, é somente pela deliberação cúmplice da razão que o homem pode entregar-se às paixões. E este ceder voluntário nada mais é do que o exercício do livre-arbítrio. Logo, o livre-arbítrio pode vir a ser a causa do pecado.
Isso leva Agostinho a questionar se, visto ser o livre-arbítrio o causador do pecado, não seria ele um mal. O que imediatamente é refutado recorrendo-se a argumentação de que a vontade livre é concedida por Deus e, portanto, só pode ser um bem, já que, para o autor, Deus não pode ser autor de mal algum. Ressalta-se ainda que a liberdade da vontade é dada por Deus com o fim único de que o homem se sirva dela para agir com retidão. Por isso, é com justiça que aquele que não usa dela para este fim seja castigado. O que já basta para se compreender em que sentido o livre-arbítrio é o causador do mal.
Segundo a doutrina de Agostinho, a vontade do homem é o ponto determinante entre ele alcançar ou não o Bem para o qual foi criado.