EDUCAÇÃO
Wojciech Andrzej Kulesza
UFPB
Eixo 3: Cultura e práticas escolares
Introduzido gradativamente nas Universidades a partir da revolução científica do século XVII, o moderno ensino das ciências naturais começa a fazer parte do currículo das escolas em geral a partir da segunda metade do século XIX. Desmembradas da filosofia natural dos tempos de Isaac Newton pelo iluminismo da Encyclopédie, pouco a pouco, as atuais física, química e biologia foram se constituindo, de lá para cá, como disciplinas escolares. Não por acaso, isso ocorre simultaneamente à paulatina consolidação dos sistemas nacionais de educação pública na Europa, concebidos exatamente para a preparação do cidadão destinado a viver numa sociedade crescentemente marcada pela ciência e pela tecnologia. Escrevendo sobre esse período, Hobsbawm (1987) estende essa influência à vida intelectual, assinalando a subordinação à ciência das principais correntes filosóficas surgidas nesse tempo. O tom marcadamente positivista dessas filosofias está na origem do fato de hoje a expressão “ensino de ciências”, referir-se exclusivamente ao ensino das ciências naturais, numa clara oposição às ciências humanas, que lidariam com conhecimentos ainda não totalmente científicos.
No Brasil, é nessa mesma época que surge essa preocupação com o ensino de ciências naturais, no bojo de um movimento de modernização, que teve na abolição e na
República seus marcos históricos, mas cujo projeto societário abarcava fundamentalmente a industrialização do país. O impacto das conquistas materiais da ciência ocidental gerou por aqui um cientificismo nas elites que afetou toda sua compreensão da sociedade brasileira, colocando na ordem do dia a necessidade de colocar o país na senda do progresso e da civilização. Naturalmente, esse imperativo de mudança se refletiu nas propostas educacionais, alterando, em forma e em conteúdo, o currículo vigente nas escolas do país.